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Governo preocupado com embargo de carne pelo EUA, chegue a outros países

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, vai tentar se encontrar, já na próxima semana, com autoridades norte-americanas. O receio é de que a proibição à compra de carne bovina in natura (fresca) do Brasil, anunciada na quinta-feira pelo Departamento de Agricultura americano, o USDA, provoque um efeito em cadeia e acabe fechando portas para o produto brasileiro em outros países. A decisão americana foi motivada pela identificação de abscessos na carne – espécie de cisto que, de acordo com o Ministério da Agricultura, é resultado de reações a componentes da vacina contra a febre aftosa.

O secretário de Agricultura americano, Sonny Perdue, determinou diretamente a suspensão da compra da carne, até que o Brasil adote medidas consideradas satisfatórias. O embargo temporário dos EUA foi mais um entrave num mercado que ficou extremamente fragilizado pelas consequências da Operação Carne Fraca, deflagrada em março pela Polícia Federal. A preocupação aumenta pelo fato de os EUA servirem de referência internacional. “Comemoramos muito, quando saiu, a equivalência sanitária com os EUA, que é referência. Com a decisão (do embargo), outros mercados ficam em alerta”, disse secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki.

Os exportadores brasileiros conseguiram permissão para vender aos EUA em junho de 2015. O primeiro embarque, no entanto, ocorreu apenas em setembro do ano passado. O volume de exportação ainda não é relevante – representa apenas 5% da carne in natura que o Brasil vende para o exterior. Mas o mercado americano, por ser um dos mais exigentes, serve de referência para que outros países, como o Japão e a Coreia, por exemplo, decidam comprar a carne brasileira.

Para o governo, o interesse dos produtores americanos em barrar a carne brasileira também contribuiu para o bloqueio. “Depois da Carne Fraca, vários países decidiram fiscalizar 100% da carne brasileira”, disse ontem Maggi, ao comentar a suspensão, citando países como EUA, Hong Kong e China. Na semana passada, os EUA identificaram 11% de “inconformidades” na carne in natura brasileira. Em reação, o Ministério da Agricultura determinou a interdição de cinco das 15 plantas autorizadas a exportar carne in natura aos EUA, neste caso, os cinco maiores frigoríficos.

Novacki, concordou que o porcentual de inconformidade é expressivo. Uma das alternativas para resolver o problema, disse, seria o embarque de carne em cortes para os EUA. Com isso, são retirados os abscessos. “Alguns países recebem o corte inteiro, como os EUA, mas eles nunca reclamaram” disse.

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