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Macri é eleito na Argentina com 40% dos votos, como previam as pesquisas

O governo de Mauricio Macri obteve neste domingo uma contundente vitória sobre a oposição liderada pela ex-presidente Cristina Kirchner. A frente Cambiemos (“Vamos mudar”) venceu as eleições legislativas em Buenos Aires em 13 das 23 províncias, incluindo Santa Cruz, o reduto eleitoral de Kirchner.

No nível nacional, o governo obteve cerca de 40% dos votos, como previam as pesquisas. A oposição recebeu mais votos, mas ela está dividida entre peronistas que apoiam e rejeitam Kirchner, além da extrema esquerda não peronista. Kirchner conquistou uma cadeira no Senado, de onde liderará a oposição, mas teve menos votos que o candidato de Macri, o ex-ministro da Educação Esteban Bullrich: 41% a 37%. O placar mostra que ela terá vida dura na oposição. Os resultados não asseguram maioria absoluta para o governo no Congresso — até porque foram renovados apenas metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado —, mas credenciam Macri para negociar com os setores peronistas não vinculados a Kirchner.

O presidente tem um plano de reformas gradual, que inclui flexibilização das leis trabalhistas, cortes nos gastos públicos e mudanças nas leis tributárias e previdenciárias.

A coalizão governista foi favorecida pela alta rejeição a Kirchner — entre 60% e 70% —, envolvida em vários escândalos de corrupção e abuso de poder, e pela melhora recente na economia, com crescimento econômico e queda da inflação. Para muitos eleitores argentinos, Macri, um empresário, ficou identificado com o “futuro” e a modernização, enquanto Kirchner está associada ao “passado” de corrupção e ineficiência.

“Estamos começando a transformar nossa querida Argentina”, discursou Macri, na sede de campanha do Cambiemos, em Buenos Aires. “É um dia muito importante, porque hoje confirmamos nosso compromisso com a mudança, que é um compromisso sério. Somos a geração que está mudando a história.”

O presidente, que chefia desde dezembro de 2015 um governo de minoria, estendeu a mão, no entanto, à oposição: “Sempre vamos escutá-los”. Seu principal canal de negociação com a oposição são os governadores, que dependem das verbas do governo central. Esses resultados colocam Macri em uma posição de força para se candidatar à reeleição em 2019. Dentro do governo, fala-se de um projeto de modernização do país de 20 anos.

E também para pressionar o Mercosul a se abrir para acordos comerciais com outros blocos e países, como fez Macri em uma carta no início do mês ao presidente Michel Temer, cobrando a implementação de um acordo de convergência de normas técnicas e fito-sanitárias. O plano de Macri a partir de agora é negociar setor por setor a flexibilização das leis trabalhistas para diminuir os custos para o empregador. Não haverá uma reforma trabalhista geral, como no Brasil. Ele já tem redigida uma proposta de lei de responsabilidade fiscal para as províncias, que passará agora a negociar com os governadores.

Para isso, conta com a vitória de sua frente tanto em Buenos Aires quanto nas principais províncias do país. Somadas, elas representam 66% da população argentina. Os governadores argentinos são pragmáticos. Eles perceberão para que lado o vento está soprando. Ou pelo menos é isso o que Macri espera.

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